Nazaré em Imagens

quarta-feira, 25 de março de 2015

Simplesmente, Nazaré

    









         Nazaré, Quem Sabe Um Dia


"Ao ouvir teu nome,meu corpo estremece
E embriago-me com o cheiro do teu mar.
Quando te invado meu peito aquece,
É o coração a saltar.
Meus olhos duas lágrimas vertem,
Quando te enxergam, de tanta alegria
E quando os meus pés teu areal sentem,
Minha alma contigo entra em sintonia...

À chegada de cada volta
E, ouvindo o farol apitar,
A cabeça entra logo em revolta,
Sabe o tempo que vai ancorar.
Meu coração, por ti chora,
Já nem sei como o hei de calar,
A cada partida, ele grita e implora
Para que eu não mais parta, quer ficar.

Sabes o quanto te amo, 
E em mim, nunca deixarás de existir,
Estás comigo em todo o lado,
Mas não sabes o quanto eu não quero partir.
Parto sim, com ânsias de voltar, que esta dor é das mortais,
Viro-te as costas hoje, e se pudesse nunca tal eu faria,
Voltarei, talvez me tragam, mas poderei não ver-te mais,
Por cima do ombro te digo adeus, Nazaré, quem sabe um dia..."
                                                                                                                                  By, Gerfig





                          Varina e Pescador


Vagueando por tuas ruas cedo na madruga, descalços, mas sempre reinar
Andam aqueles que em ti habitam pescadores e varinas, gente bonita, gente trabalhadeira
Num corrupio, levados com suas redes e cabazes, iniciando a luta pelo pão nosso de cada dia
Seus filhos têm que alimentar e educar, e nem tosto ver na algibeira
Ele parte para o porto de abrigo, as suas redes carregando
Pé ligeiro, olhar franzido, lá vai ele se juntar à companha
Sem nunca saber o que o pode esperar no oceano,
Pois, que nesse desgraçado, nem sempre peixe se apanha...
Meu coração, fica junto ao teu, o meu lugar mais sagrado,
Na praia ficas a rezar, pedindo a Deus que nos dê uma boa chegada
Que o bote venha abarrotar, e que não seja hoje que me leve pra Seu lado
Pois nossos filhos são pequenos, ficarias desamparada.
Esse mar traidor e cruel, é ele quem dita as regras, e de lá posso não voltar
Sempre que parto, uma parte de mim morre, por que assim a outra mais depressa morrerá,
Para não ter que sofrer muito quando ele me atraiçoar...
Mais uma vez foste ouvida, tenho que te agradecer, o Senhor fez-te a vontade,
Trouxe-me a mim com vida e a toda a companha, mas peixe pouco ou quase nada.
Umas sardinhas e uns carapaus muito não há para repartir, é verdade...
Mas nem da miséria se lembra ao dobrar o Guelhím, alimenta-o saber que volta para a família amada.
Ela, que já o esperava junto com seus quatro filhos, brincando na praia
Preparando o cabaz pensando que seu homem viria desta, de peixe carregado
Acercasse e olha-o com seu pouco ou nada, contando os tostões que sobram na algibeira da saia,
Diz-lhe, não te apoquentes homem, juntos com peixe ou sem peixe, felizes seremos meu amado.

                                                                                                                                                                     
                                                                                          By, Gerfig


                                   Deixa-te Ser

                      

" Tu, a mais bela de todas as praias,
Que  tens pescadores, e mulheres de sete saías
Tu, que trazes o mistério no teu baloiçar,
Quando, da Praia do Norte  à "Barca", te pões a dançar.
Chinela no pé dançando o teu vira,
Teu noivo, o mar, da marginal te admira
Galgando o "Pardão" vem a ti se abraçar
 E vão juntos os dois, até à foz a dançar.
Tu, que aprisionas teus habitantes
E todos os que por ti possam passar,
Não deve ser da água das fontes,
Pois até essas estão a secar!
Tu guardas contigo segredos,
Que nunca os irás revelar
Dás alegrias, dás medos
Nazaré, tu não tens par.
Sê tu, por que só tu deves ser
E não deixes que mudem tua fé,
Tu deixa-te apenas viver,
Deixa-te ser Nazaré. "

                   By, Gerfig


                     Quem sou?


" Posso ser todos e alguns mais
Posso ter asas e voar
Ser as árvores que cortais
Ou até mesmo o vosso ar.
Sou um pouco de cada um de vós,
Que essa terra ama,
Terra de todos nós
Da tia, da prima e da mana.
Posso ser agreste,
Ou até mesmo doce
Posso ser de leste,
Ou vir de não sei onde.
Vou com os ventos,
E com as chuvas volto
Sou filho do tempo,
E no mar ando solto.
Na brisa me sentes,
Quando na cara te toco
Posso abrir mentes
Mas isso é tão pouco.
Posso ser amigo,
Posso ser poeta
Posso mesmo ser o perigo,
Ou até ser quem vos atormenta.
Sou como sou,
Pouco há a falar
Só vos digo para onde vou
E isso deve chegar.
Quem sou pouco interessa
Pois não sou vossa fé,
Só sei que vou com pressa
Quero ver-te Nazaré."

 
                   By, Gerfig
               

                                                    Alborgues


    " Sobe a neblina matinal, tu despertas, linda maravilhosa, a ronca deixa de soar mas ainda se pode escutar no vento de norte, dizes bom dia ao sol, que por detrás de ti chega, abraçando-te com seus raios de luz, aconchega-te e dá-te um beijo. 
Teu noivo o mar ciumento e traiçoeiro, lança-lhe um olhar de morte, começando a levantar ondas, bate no Guelhím sem cessar. Tentas sossegá-lo, em vão, com  tuas palavras calmas, mas não te escuta, nem se cala! Se ao menos quisesse ele ouvir aquilo que tens a dizer, poderia ser que parasse, que nada ele tem a temer! 
Tua gente saí à rua com mal começa a agitação, nunca tanto o ouviram ralhar, ou até mesmo bater. " Tá mar um cão, hoje! " Dizem os primeiros que na marginal fazem sua caminhada, ao passo que outros lhe gritam: " Bom dia, companhêr, 'tás ca costa negada "? 
Loucos, por certo, ele escuta-os e lá os espera, se fosse a vocês não dizia mais nada...  O sol!? Esse nem tão pouco se aborrece, deita cavacas na fogueira e sobe o mais alto que lhe apetece! Deixando-te arcar com toda culpa, que nenhuma a ti pertence, pois o sol é que foi matreiro e por estares de costas  aproveitou-se. 
Já chega! Lhe gritaste tu já irritada, mas agora dás pra isto, não me deixas sossegada!? Foi por tanto ciúme que levaste o " Pinoca "! Esse meu querido, que eu tanto amava... E muitos outros que nunca te fizeram mal algum, mas que situação tramada. Quem pensas tu que és, ou pensas que mandas em mim? Qualquer dia mudo-me para o Valado, e deixo-te só, para ai abandonado, que nunca mais bates no Guelhím. 
Vê-lá se atinas mas é, que já tens idade suficiente, há tanto tempo que estamos juntos, e nunca te traí com tal moinante! Para tua informação, e que fique bem nessa tua cabecinha gravada : Do sol eu gosto muito, mas dali eu quero nada, se tenho um que comigo passa noite, pra que quero um que só volta de manhã após a madrugada... " 


                                                       By, Gerfig



              No Sopro do Vento


"Fui passear por ai ver, o mar,  o nascer sol

Dei voltas e mais voltas, e dei por mim sem encontrar lugar certo
O Mundo inteiro eu percorri, das mais altas planícies aos altos picos do Tirol
Sou eu e gosto de ser assim, ninguém me apanha, posso ser por vezes ligeiro, mas experto
Levo comigo memorias de um tempo esquecido, e que no volta mais
Mas por onde quer que passe, eu, nunca poderei ficar
Levo, e trago, lembranças de pais para filhos, e de filhos para pais
Levo tudo o que posso pela frente, posso por vezes,até, magoar
Queria tanto ficar ai, e o teu mar serenar, soprando apenas como leve brisa
Pois sou o vento estou em todo lado, e em lado algum posso estar
E por lá espalho teu mistério, tua magia e tudo o que ela simboliza
Tenho-te uma grande paixão, porque de todos os sítios que corri
Beleza e energia, eu, nunca como a tua encontrei
Posso já ter mandado muitas "sopradelas" por aí
Mas ao primeiro sopro, foi só a ti eu amei "


                                     By, Gerfig 



                                               Filhas de Seu Pai



"Canção de muitos mulher de todos, perdida há muito, mas achada de novo.
Voltei a escutar teu nome no suspiro de muita gente, ora por mau agoiro ora por maré enchente.
Lindo o que de ti dizem por aí aos quatro ventos, falam de teus heróis, tuas ondas, tuas gentes.
Das lendas antigas, e marcos em ti cravados, aos que agora na História te escrevem com suas conquistas bastante arriscadas.
Tuas ondas de profundo encanto, pelo Mundo vão sendo espalhadas, graças aos pequenos gigantes de canoas nos pés calçadas, que tuas "gigantes" vieram cavalgar e, enfrentar.
São gigantes de rara beleza quem te ronda, e atormenta, são bem filhas de seu pai que há muito de teu par se apresenta. Mulher sem dono, Rainha sem Rei, despida num sonho, bem vestida por lei, foi assim que te quiseram sempre pintar, mas aquilo que tu não mostras dava mais ainda que falar, tens em ti passagens estreitas que nem todas vão dar ao mar, escondes tesouros de piratas, segredos da corte e quem sabe de como viemos cá parar, tens até em ti bem cravada uma pedra com instruções para escavar. Poucos sãos os que realmente te conhecem por dentro, e os que te conheciam aos poucos foram partindo, mas sem muito revelar, e os de agora pouco sabem pois não tem tempo de te explorar, passam a vida a correr sem de ti terem para contar, apenas o que falam outros e muitas vezes nem querem escutar. Corres agora, mais do que nunca, e muito mais virás a correr, pois esses pequenos de livre espírito ainda agora estão aparecer, o primeiro não te larga diz que por ti ficou encantado, come e respira de teu fado, e até com sua donzela, ele, se enlaçou ao entardecer, e deles que muito há para dizer são gentes humildes de grande coragem e saber, conhecem bem as filhas de teu grande amor, são fortes,belas, e destrutivas , provocadoras de muita dor, sabem respeitá-las coisa muitos não fazem, por isso por elas são atraídos e por vezes não mais de lá saem. Mas são os que de outras águas bebem que a bom porto te trazem. É bom encontrar-te de novo no topo do mundo, para muitos podes não ser nada, mas para nós tu és tudo "


" Confissões do Mar "

" Teu ciúme não se justifica, sendo tu por toda gente cobiçada
E, eu o teu eterno amor, que ao teu lado sempre vai estar
Foi difícil chegarmos a este ponto frente a frente, entre nós o "paredão", sem mais nada
E se chega o desejo de em ti eu tocar, por cima dele eu passo e acabo por te magoar.
Meus actos de tamanha força, nem eu por vezes sei explicar 
Amo-te com toda esta minha imensidão
Acredita, nunca eu te vou abandonar
Mas depois a fúria passa, e de ti me afasto pedindo-te perdão.
Por vezes gritas comigo, só por que estou calmo demais
Mas quando ando com o diabo nas marés, dá-te alegria ver minhas filhas desfilar
E, elas teimosas como, eu, encontrarei jamais
Para ti me voltam a empurrar com demasiada força, desculpa não as sei controlar
A nossa relação não vai mudar há muito que assim é,
Únicos no nosso amor, e na nossa maneira de se enrolar
E, quando o fazemos sem querer eu te bato Nazaré 
Desculpa mas não tenho outra forma de o demonstrar
Adoro esta nossa família, composta de apenas quatro elementos
Minhas filhas, eu o mar, tu, e todo o teu povo que nos adora,
Fazem parte das minhas lágrimas quer dos bons, ou maus momentos
Cada vez que me excedo e mal te faço, recuo e meu coração chora.
A ti eu me dedico todos os dias, nem que seja os teus pés eu beijar,
Essa teu lindo areal, que deles nem sabem estimar 
Por vezes culpam-me a mim dizendo que fui eu de certeza
Perdoa-os, tu, que eu não posso, pois não sei perdoar
Sou conhecido por Oceano, ou também por teu mar, ruim por Natureza "
                                        

                                   By, Gerfig


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